Principais Erros que os Médicos Cometem ao Receber Dinheiro
Organizar as finanças é um desafio para muitos profissionais de saúde, especialmente no início da carreira, quando o foco está em atender pacientes e construir uma boa reputação. No entanto, erros simples na forma de receber pagamentos podem causar grandes problemas com a Receita Federal.
No episódio do GuiaConsultório #03, o especialista em contabilidade para médicos Bruno Nascimento explica os equívocos mais comuns que ele observa no dia a dia dos consultórios e dá orientações práticas para evitar autuações e prejuízos fiscais.
O erro mais grave: o “caixa dois”
Entre todos os deslizes que um médico pode cometer, Bruno é categórico: o “caixa dois” é o pior deles. O termo se refere à prática de receber valores por fora, sem emitir nota fiscal e sem declarar o dinheiro à Receita Federal.
“O famoso caixa dois é receber na pessoa física sem emitir nota nenhuma. É um erro clássico. Às vezes o médico faz por descuido, por desconhecimento ou simplesmente por hábito, mas é uma prática que o fisco monitora cada vez mais”, explica Bruno.
Essa conduta é mais comum do que parece. Muitos médicos acreditam que pequenas quantias em dinheiro ou Pix avulsos não chamam atenção. No entanto, a Receita Federal cruza informações bancárias e patrimoniais, e qualquer incompatibilidade entre o padrão de vida e os valores declarados pode acender um alerta.
Bruno reforça que a repetição desses “pequenos erros” é o que costuma levar à fiscalização:
“A Receita não vai te pegar por um erro pontual, mas se você sempre recebe em dinheiro e nunca emite nota, uma hora o sistema vai cruzar os dados e questionar a origem desse dinheiro.”
Além do risco de autuação, manter receitas não declaradas impede o médico de comprovar renda, o que pode dificultar financiamentos, abertura de empresa e até a obtenção de vistos internacionais.
Receber na conta pessoal valores do CNPJ
Outro erro muito comum é emitir nota fiscal em nome da empresa (CNPJ), mas receber o pagamento na conta pessoal.
Essa prática, segundo Bruno, é uma das mais frequentes entre médicos e pode gerar confusão fiscal.
“Mesmo que você tenha emitido nota pelo CNPJ, se o dinheiro entrou na sua conta física, o fiscal pode entender que aquele valor é um recebimento pessoal, e não empresarial. Ou seja, você corre o risco de ser tributado duas vezes.”
O ideal é abrir uma conta bancária pessoa jurídica (PJ) e receber todos os pagamentos do consultório por meio dela.
Além de evitar interpretações equivocadas do fisco, isso permite controlar melhor as receitas e despesas, mantendo a contabilidade separada da vida pessoal.
Bruno destaca que hoje não há desculpa para misturar contas: os bancos digitais simplificaram o processo, permitindo abrir contas PJ rapidamente e sem custo.
“Antigamente era chato, tinha que levar documentação no banco. Hoje, em minutos, o médico abre uma conta PJ no Inter, Nubank, Cora e outros. Então não tem mais motivo para manter tudo na conta pessoal.”
Não abrir conta PJ por falta de conhecimento
Muitos médicos ainda acreditam que abrir uma conta PJ é burocrático ou caro.
Por isso, continuam movimentando todos os recebimentos em contas de pessoa física, o que mistura receitas pessoais e profissionais, dificultando o controle financeiro e a prestação de contas.
Além do risco fiscal, essa confusão atrapalha a gestão do negócio: o médico perde clareza sobre quanto realmente ganha, quanto gasta com o consultório e qual é o lucro líquido da operação.
Bruno alerta que esse comportamento muitas vezes vem da falta de orientação adequada:
“Muitos erros acontecem por desconhecimento. O médico não sabe que precisa abrir uma conta empresarial, e ninguém explica isso para ele. Por isso é tão importante ter uma contabilidade especializada desde o início.”
Ter uma conta PJ não é apenas uma obrigação: é uma forma de profissionalizar a gestão do consultório e dar mais segurança ao negócio.
Falta de emissão de notas fiscais em todos os atendimentos
Outro erro recorrente é o médico atender e não emitir nota fiscal, seja por esquecimento, desorganização ou mesmo por acreditar que o paciente não precisa do documento.
“Hoje não tem desculpa para não emitir nota. O sistema é todo digital e fácil de usar. O médico pode emitir pela prefeitura ou com o apoio do contador. O importante é formalizar todas as entradas”, reforça Bruno.
Emitir nota fiscal é essencial para comprovar a origem dos recursos e manter a contabilidade coerente. Além disso, garante que o paciente possa deduzir a despesa médica no imposto de renda, fortalecendo a relação de confiança entre profissional e cliente.
Bruno também explica que, caso o médico atue em mais de um formato, por exemplo, como pessoa física e pessoa jurídica, o correto é emitir o documento adequado para cada tipo de serviço e receber na conta correspondente.
Repetir os mesmos erros sem correção
De acordo com Bruno, o problema maior não é errar uma vez, mas repetir o erro diversas vezes sem corrigir.
Erros pontuais, como uma nota emitida com valor errado ou um pagamento feito na conta incorreta, podem ser ajustados rapidamente sem grandes consequências.
“O fisco não vai te pegar porque você emitiu uma nota errada. O problema é quando você faz errado sempre, quando o padrão de erro vira rotina”, explica o contador.
Por isso, é fundamental que o médico revise periodicamente sua contabilidade, verifique se os recebimentos estão sendo feitos de forma correta e mantenha contato constante com o contador. Essa rotina de acompanhamento evita que pequenas falhas se tornem irregularidades fiscais.
A diferença entre pessoa física e jurídica na prática
Muitos médicos atuam em duas frentes ao mesmo tempo como pessoa física e pessoa jurídica, e isso é perfeitamente possível. Bruno explica que o importante é não misturar os fluxos financeiros.
“Se o médico faz atendimentos particulares e emite recibos como pessoa física, é normal receber na conta pessoal. Mas se ele emite notas fiscais pelo CNPJ, o dinheiro deve entrar na conta PJ. Cada coisa no seu lugar.”
Essa separação garante que cada atividade tenha sua tributação específica e evita confusões no momento de declarar impostos ou justificar movimentações bancárias.
O papel da orientação contábil
Por fim, Bruno reforça que a maioria dos erros pode ser evitada com acompanhamento contábil especializado.
Um contador que conhece a realidade médica entende as particularidades da profissão, os tipos de vínculo (CLT, autônomo, PJ) e os regimes tributários mais vantajosos.
“Quando o médico tem alguém que o orienta corretamente, ele paga menos imposto, evita problemas com o fisco e ainda ganha tempo para focar no que realmente importa: cuidar dos pacientes.”
Além de evitar penalidades, uma contabilidade especializada ajuda o profissional a planejar financeiramente seu consultório, ter visão real de lucro e crescer com segurança.
Profissionalizar é a Melhor Forma de Evitar Problemas
Os principais erros cometidos pelos médicos ao receber dinheiro estão relacionados à falta de organização e desconhecimento fiscal.
Receber por fora, deixar de emitir notas, usar a conta pessoal para o CNPJ e repetir pequenas falhas são atitudes que podem parecer inofensivas, mas comprometem a regularidade do consultório e a tranquilidade do profissional.
A boa notícia é que todos esses problemas têm solução. Com o apoio de uma contabilidade especializada, abertura de conta PJ e controle financeiro adequado, o médico consegue atuar de forma segura, transparente e financeiramente eficiente, sem sustos com a Receita Federal.
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