Como Declarar Rendimentos de Cursos, Palestras e Mentorias Médicas (Além do Consultório)
Há alguns anos, a carreira médica deixou de caber apenas dentro do consultório. Hoje, muitos profissionais ampliam sua atuação compartilhando conhecimento, seja em cursos online, mentorias, aulas presenciais, workshops, ou até palestras em eventos científicos e congressos. É uma forma legítima de diversificar a renda e, ao mesmo tempo, fortalecer a autoridade dentro da especialidade.
Mas junto com essa expansão vem uma dúvida comum: como declarar esses rendimentos de forma correta para a Receita Federal? E mais importante ainda: existe uma forma de pagar menos imposto sem correr riscos?
Se você já se viu abrindo planilhas, tentando entender o Carnê-Leão ou perguntando ao contador onde exatamente lançar aquele valor recebido da plataforma de cursos, este guia é para você.
Vamos conversar sobre isso de forma simples, direta e realista, como quem está sentado ao seu lado organizando suas finanças.
Quando a renda médica deixa o consultório, o imposto muda
O primeiro ponto é entender que, para a Receita Federal, a origem do dinheiro importa tanto quanto o valor.
No consultório, é relativamente simples: consulta prestada, recibo emitido, Carnê-Leão preenchido (se for PF) ou nota fiscal emitida (se for PJ).
Mas quando entra em cena uma palestra remunerada, uma mentoria individual, um curso gravado na Hotmart ou mesmo um workshop para estudantes, o cenário muda.
Isso porque:
- às vezes você recebe como pessoa física,
- às vezes você recebe como PJ,
- às vezes a plataforma retém impostos,
- às vezes não.
E tudo isso precisa ser refletido na declaração.
Atuando como Pessoa Física: quando o Carnê-Leão vira rotina?
Se o dinheiro cai direto na sua conta como pessoa física, seja através de um TED de um aluno, de um pagamento Pix de um mentorado ou de um evento que contratou você para palestrar, a regra é clara: você deve declarar no Carnê-Leão no mesmo mês em que recebeu.
É um sistema simples na prática, mas que exige constância.
A própria Receita Federal cruza esses dados com movimentações bancárias e com notas emitidas por plataformas de pagamento. Ou seja: não registrar é pedir problema.
A boa notícia? Quando você atua como PF, pode reduzir bastante o imposto devido registrando todas as despesas necessárias para exercer essa atividade. E isso muda completamente o valor final.

Pense nos últimos meses: você investiu em cursos de atualização? Comprou livros? Pagou passagem e hospedagem para participar de um congresso? Adquiriu material didático? Tudo isso pode entrar no Livro-Caixa e diminuir a base de cálculo do imposto.
Muitos médicos não sabem, mas congressos, seminários, jornadas e até cursos de curta duração podem ser considerados despesa dedutível quando ligados diretamente ao exercício da profissão. A Receita permite abater inscrição, deslocamento, hospedagem e até parte dos materiais de estudo.
Aliás, esse é um ponto em que vale a pena insistir: guardar comprovantes e certificados faz diferença. Se um dia houver questionamento, você tem tudo em mãos.
Quando a renda vem de empresas ou plataformas
Imagine que você palestrou em uma universidade e recebeu o pagamento via nota emitida pela instituição.
Ou que ganhou royalties do seu curso hospedado numa plataforma digital.
Ou ainda que uma clínica grande o contratou para um treinamento in company.
Nesse caso, a responsabilidade pelo recolhimento do imposto é da fonte pagadora.
É ela quem vai reter o IRRF no pagamento e depois lhe enviar um informe de rendimentos no início do ano seguinte.
Na sua declaração, tudo o que você precisa fazer é inserir esses valores na ficha de “Rendimentos Tributáveis Recebidos de Pessoa Jurídica”.
Simples.
Mas ainda assim exige cuidado para que os números batam com o informe. Se houver divergência, a malha fina vem rapidamente.
E se eu trabalhar como Pessoa Jurídica?
Aqui é onde muita gente descobre que a vida pode ficar bem mais leve.
Quando você tem um CNPJ, especialmente no Simples Nacional, a tributação de serviços como cursos, palestras e mentorias costuma ser menor que na pessoa física.
Não por mágica, mas porque a lógica do imposto muda completamente.
O profissional passa a:
- emitir nota fiscal,
- pagar impostos pela empresa,
- registrar despesas,
- e distribuir lucro isento para si mesmo no fim do mês.
Isso significa que boa parte daquele imposto que seria pago na tabela progressiva de até 27,5% simplesmente deixa de existir.
Mas existe um detalhe essencial: a contabilidade precisa estar impecavelmente correta, especialmente se você pretende distribuir lucros sem pagar IRPF.
A Receita exige documentação, escrituração e separação clara entre contas pessoais e empresariais.
Por isso, muitos médicos que começam a dar cursos e mentorias acabam migrando para o PJ logo nos primeiros meses, é comum perceber que a economia tributária paga facilmente os honorários do contador.
PF ou PJ: qual é melhor para rendimentos educacionais?
Não existe uma resposta única.
Depende da frequência das atividades, do valor recebido e da estrutura financeira que você deseja construir.
Mas há um bom caminho para decidir:
- Se você dá palestras esporádicas ou mentorias ocasionais, PF costuma resolver bem.
- Se a atividade virou fonte regular de renda, se você grava cursos recorrentes, monta programas de mentoria ou recebe valores altos ao longo do ano, o PJ quase sempre é mais vantajoso.
A regra é simples: quanto maior o faturamento, menor a vantagem tributária de permanecer como pessoa física.
E como organizar tudo isso na prática?
Declarar corretamente pode até parecer trabalhoso no começo, mas é justamente isso que evita problemas muito maiores lá na frente. A Receita hoje cruza dados de plataformas, bancos, CNPJs, notas fiscais e depósitos com uma precisão que impressiona, aquilo que antes passava despercebido agora aciona alertas quase instantaneamente.
E quando o assunto são cursos, mentorias e palestras, esse rigor aumenta ainda mais, porque trata-se de um mercado em expansão, onde muitos profissionais ainda estão aprendendo a formalizar seus ganhos.
Por isso, manter tudo organizado deixa de ser uma recomendação e vira uma necessidade. Registrar cada entrada, declarar no mês certo, separar o que é pessoal do que é profissional e contar com um contador especializado faz com que o processo deixe de ser um labirinto e se torne apenas mais uma etapa da sua rotina. No fim das contas, o imposto é só um detalhe dentro de uma jornada muito maior.
O que realmente importa é garantir que você possa continuar ensinando, palestrando e compartilhando conhecimento sem receio de receber uma notificação da Receita. Quando organização e estratégia caminham juntas, ensinar medicina fica tão leve quanto atender no consultório.
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