Tributação de Médicos que Atendem por Plataformas/Aplicativos: Quais Cuidados Ter?
Atender pacientes por plataformas digitais já deixou de ser tendência; virou parte da rotina de milhares de médicos no Brasil. Telemedicina, consultas por aplicativos, atendimentos assíncronos, triagens digitais… tudo isso ampliou o alcance da prática médica, abriu novas oportunidades de renda e trouxe flexibilidade para o profissional.
Mas junto com as novas possibilidades veio também um novo tipo de preocupação: a tributação desse trabalho.
Se você atende por plataformas como o BoaConsulta ou pelas plataformas próprias dos convênios, já percebeu que o fluxo de pagamentos é diferente do consultório tradicional. E a Receita Federal percebeu também.
A fiscalização está muito mais sofisticada, os cruzamentos são automáticos e toda movimentação digital deixa rastro. Por isso, entender como declarar esses rendimentos não é apenas uma questão de “estar em dia”: é proteger sua carreira, seu CPF e sua tranquilidade.
Vamos conversar sobre os pontos que realmente importam, sem juridiquês e sem complicar o que pode ser simples.
Por que quem atende por aplicativos precisa ter atenção redobrada?
Se tem uma área em que a Receita avançou muito nos últimos anos, é na análise de transações digitais. As plataformas de telemedicina, assim como bancos e sistemas de pagamento, são obrigadas a fornecer informações detalhadas sobre repasses, notas emitidas e volume de atendimentos.
Isso significa que cada consulta realizada por um app chega, de alguma forma, ao radar da Receita. E é aqui que mora o risco: qualquer divergência entre o que você recebeu e o que declarou acende alerta imediatamente.
Esse é o principal motivo pelo qual médicos que atendem em ambiente digital precisam organizar suas contas com ainda mais cuidado do que aqueles que trabalham exclusivamente no consultório físico.
Escolher entre PF e PJ muda completamente o cenário tributário
A primeira grande decisão é definir se você vai atuar como Pessoa Física (PF) ou Pessoa Jurídica (PJ). E, verdade seja dita, não existe resposta universal, existe estratégia.
Quando o médico atua como Pessoa Física
A tributação segue a tabela progressiva do Imposto de Renda, podendo chegar a 27,5%.
E a partir de janeiro de 2025, há uma mudança enorme: médicos autônomos precisarão emitir recibos obrigatórios pelo aplicativo Receita Saúde, que substitui os antigos recibos manuais.
Na prática, isso significa:
• cada atendimento vira automaticamente um registro na base da Receita,
• o Carnê-Leão é alimentado automaticamente,
• e o paciente também recebe tudo pré-preenchido na declaração anual.
Não registrar não é uma opção, o sistema simplesmente não permite.
Apesar da alta tributação, existe uma vantagem: o médico PF pode deduzir despesas profissionais no Livro-Caixa, como parte dos gastos com consultório, cursos essenciais, anuidade do CRM e outros custos diretamente ligados ao exercício da atividade.
Quando o médico atua como Pessoa Jurídica
Aqui é onde muitos profissionais encontram alívio tributário. Com um CNPJ, a tributação costuma ser mais baixa, especialmente no Simples Nacional, onde a alíquota inicial começa em torno de 6% e pode chegar a 16%, dependendo da atividade e do faturamento.
Além disso, trabalhar como PJ permite:
• emitir nota fiscal para cada atendimento,
• receber repasses diretamente pela empresa,
• separar gastos pessoais e profissionais,
• distribuir lucros isentos de imposto na PF, desde que a contabilidade esteja regular.
Para quem atende muito por plataformas, essa organização tende a compensar rapidamente.
Não misture finanças pessoais e profissionais
Esse ponto parece simples, mas é o que mais coloca médicos em risco.
Quando o profissional tem CNPJ, mas continua recebendo atendimentos pelo CPF, pagando despesas mistas ou movimentando tudo na mesma conta bancária, cria-se um cenário de “meia formalização”.
A Receita interpreta isso como desorganização ou até tentativa de ocultar informações.
Separar contas, separar despesas, emitir documentos fiscais corretos e manter um histórico transparente é o que garante proteção jurídica e tributária.
Plataformas também informam a Receita
Muitos médicos começam atendendo por aplicativos acreditando que, por não ter relação direta com convênios tradicionais, o controle é mais simples.
Na prática, acontece o oposto.
Plataformas enviam relatórios periódicos com:
• volume de atendimentos,
• dados dos profissionais,
• repasses efetuados,
• notas fiscais emitidas.
Ou seja: se você recebe R$ 8 mil por mês de uma plataforma e declara R$ 2 mil, a inconsistência aparece em segundos, literalmente.
Emissão de documentos: o principal ponto de fiscalização
Hoje não existe mais espaço para atendimentos sem nota, recibo manual ou “combinados informais”.
A regra é:
PF → recibo digital pelo Receita Saúde
PJ → nota fiscal para todos os atendimentos
É simples, transparente e protege você.
Telemedicina segue a mesma lógica tributária da medicina presencial
Essa é uma confusão comum: muitos acreditam que, por ser digital, o atendimento segue regras específicas.
Não segue.
O atendimento online é um ato médico, regido pelas normas do CFM e pela legislação tributária padrão.
Se é ato médico, é tributável da mesma forma.
A contabilidade correta evita 90% dos problemas
A legislação para profissionais da saúde não é simples. Com a Reforma Tributária em andamento, o uso obrigatório do Receita Saúde e a digitalização acelerada das plataformas, médicos se tornaram um dos grupos mais monitorados pela Receita Federal.
Ter acompanhamento especializado não é luxo — é proteção.
E um bom sistema de gestão também faz enorme diferença.
O módulo financeiro do BoaConsulta Pro, por exemplo, ajuda médicos que atendem por plataformas a manter controle rigoroso de:
• repasses recebidos,
• fluxo de caixa,
• comprovações financeiras,
• despesas dedutíveis do negócio,
• e organização das contas a pagar e a receber.
Esse tipo de clareza financeira facilita tanto o trabalho do contador quanto a defesa do médico em caso de inconsistências. É organização que se traduz em segurança tributária.
No fim das contas, tributar bem é tributar com tranquilidade
A telemedicina trouxe flexibilidade, escala e novas possibilidades para a carreira médica.
Mas, como todo avanço, exige adaptação.
Declarar certo, emitir o documento correto, separar as contas e ter acompanhamento especializado não são burocracias: são blindagens.
É o que permite que você continue atendendo pacientes com liberdade e sem sustos fiscais.
Quando a tributação deixa de ser um peso e se torna parte natural da rotina, a vida profissional flui. E a telemedicina, que já é um avanço enorme, passa a ser também um modelo sustentável e juridicamente seguro para sua carreira.
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